Para maior esclarecimento quanto ao tema é recomendável a
leitura do livro “O local da cultura”, de Homi K. Bhabha – uma proposta de discussão
sobre o sujeito colonizado e o colonizador, levantando questões sobre como
ocorre a construção do discurso de hegemonia que garante e perpetua a dominação
e a superioridade de um povo sobre outro.
Recorremos à resenha feita por Haydêe
Sant’Ana Arantes graduada em Comunicação Social pela UFJF e mestranda do PPGCOM
–UFJF na linha de Comunicação e Identidades: "Dois conceitos são
fundamentais para entender esse processo: o estereótipo e a mímica. Através de
um discurso que exalta um povo, uma raça, valores são repassados de geração em
geração. Enquanto que tudo que não está presente nessa narrativa passa a ser
desconstruído, repudiado e mal visto. Com isso, temos a criação de estereótipos
que fixam uma ideia negativa a respeito do outro, do que não está classificado
dentro dos padrões sociais requeridos.
O estereótipo atua no sentido de
reconhecer e de recusar a diferença. Ele impõe um enquadramento, uma
classificação, que não corresponde muitas vezes à realidade social. Já a mímica
é utilizada por ser indeterminada, ambígua, podendo contestar, inclusive, a
representação de uma diferença.
A construção do sentimento de
nacionalidade, de comunidade foi fundamental para a consolidação dos Estados
Nacionais. A formação da ideia de uma nação ocorre através do compartilhamento
de sentidos, de narrativas produzidas pelas culturas nacionais. Como afirma
Benedict Anderson, “a identidade nacional é uma comunidade imaginada” (ANDERSON
apud HALL, 2006, p. 51).
São narrativas moldadas pela força das
inter-relações sociais que comportam no seu interior elementos de coesão,
resistência, consonância e dissonância. A nacionalidade é um conjunto de
representações, características da cultura de um povo que permite reconhecê-lo,
diferenciá-lo dos demais.
Para dizer de forma simples: Não
importa quão diferentes seus membros possam ser em termos de classe, gênero ou
raça, uma cultura nacional busca unificá-los numa identidade cultural, para
representá-los todos como pertencendo à mesma e grande família nacional (HALL,
2006, p.59).
Diferentemente dessa visão homogênea e
horizontal, Bhabha propõe uma nova forma de pensar a nação, privilegiando suas
relações, seus conflitos sociais, suas minorias, seus grupos
excluídos. Bhabha também discorre sobre o conceito de diversidade cultural
e diferença cultural, preferindo a utilização desse último termo para o tratamento
das questões ligadas a cultura. Segundo ele, a diversidade cultural abrange um
universo de coisas, enquanto a diferença cultural representa melhor como
enunciados são criados para promover a legitimação de determinadas culturas em
relação a outras.
Referências:
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Ed. UFMG: Belo
Horizonte, 2005.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. DP&A: Rio de Janeiro, 2006.
Por: Haydêe Sant’ Ana Arantes graduada
em Comunicação Social pela UFJF e mestranda do PPGCOM –UFJF na linha de
Comunicação e Identidades.
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