sábado, 25 de janeiro de 2014

Etnografia do Rolezinho 2

Para maior esclarecimento quanto ao tema é recomendável a leitura do livro “O local da cultura”, de Homi K. Bhabha – uma proposta de discussão sobre o sujeito colonizado e o colonizador, levantando questões sobre como ocorre a construção do discurso de hegemonia que garante e perpetua a dominação e a superioridade de um povo sobre outro.

Recorremos à resenha feita por Haydêe Sant’Ana Arantes graduada em Comunicação Social pela UFJF e mestranda do PPGCOM –UFJF na linha de Comunicação e Identidades: "Dois conceitos são fundamentais para entender esse processo: o estereótipo e a mímica. Através de um discurso que exalta um povo, uma raça, valores são repassados de geração em geração. Enquanto que tudo que não está presente nessa narrativa passa a ser desconstruído, repudiado e mal visto. Com isso, temos a criação de estereótipos que fixam uma ideia negativa a respeito do outro, do que não está classificado dentro dos padrões sociais requeridos.

O estereótipo atua no sentido de reconhecer e de recusar a diferença. Ele impõe um enquadramento, uma classificação, que não corresponde muitas vezes à realidade social. Já a mímica é utilizada por ser indeterminada, ambígua, podendo contestar, inclusive, a representação de uma diferença.

A construção do sentimento de nacionalidade, de comunidade foi fundamental para a consolidação dos Estados Nacionais. A formação da ideia de uma nação ocorre através do compartilhamento de sentidos, de narrativas produzidas pelas culturas nacionais. Como afirma Benedict Anderson, “a identidade nacional é uma comunidade imaginada” (ANDERSON apud HALL, 2006, p. 51).

São narrativas moldadas pela força das inter-relações sociais que comportam no seu interior elementos de coesão, resistência, consonância e dissonância. A nacionalidade é um conjunto de representações, características da cultura de um povo que permite reconhecê-lo, diferenciá-lo dos demais.

Para dizer de forma simples: Não importa quão diferentes seus membros possam ser em termos de classe, gênero ou raça, uma cultura nacional busca unificá-los numa identidade cultural, para representá-los todos como pertencendo à mesma e grande família nacional (HALL, 2006, p.59).

Diferentemente dessa visão homogênea e horizontal, Bhabha propõe uma nova forma de pensar a nação, privilegiando suas relações, seus conflitos sociais, suas minorias, seus grupos excluídos. Bhabha também discorre sobre o conceito de diversidade cultural e diferença cultural, preferindo a utilização desse último termo para o tratamento das questões ligadas a cultura. Segundo ele, a diversidade cultural abrange um universo de coisas, enquanto a diferença cultural representa melhor como enunciados são criados para promover a legitimação de determinadas culturas em relação a outras.

Referências:
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Ed. UFMG: Belo Horizonte, 2005.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. DP&A: Rio de Janeiro, 2006.

Por: Haydêe Sant’ Ana Arantes graduada em Comunicação Social pela UFJF e mestranda do PPGCOM –UFJF na linha de Comunicação e Identidades.

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