Por André Luiz de Azevedo Moraes
O preconceito é uma das formas mais virulentas de discriminação que o homem é capaz de produzir.
Há séculos que ele vem causando mal as pessoas atingidas, se manifestando através de diferenças raciais, socioeconômicas, físicas, culturais e religiosas.
A Umbanda sofre há muito tempo com isso.
Desde sua fundação vem sendo perseguida e humilhada.
No começo ,quando era pouco conhecida , por ações policiais, quando batidas eram feitas em casas de culto ocasionando fechamento delas e a prisão de seus integrantes.
Com o Estado Novo, ela tem a tolerância das autoridades obtida pela necessidade do governo em enaltecer a misticidade do nosso povo como forma de resgatar em nossa mentalidade que, apesar de mestiços éramos fortes e capazes de produzir, crescer e transformar nosso país em uma grande nação.
Passada esta fase, volta a sofrer ataques da igreja católica e mais recentemente das igrejas evangélicas com a acusação de satanismo e práticas voltadas para o mal.
Acho que já esta na hora de nós Umbandistas refletirmos porque passados cem anos continuamos a sermos perseguidos e discriminados a ponto de alguns de nós sentir vergonha de nos declararmos com medo de represálias preconceituosas, no trabalho ou em qualquer atividade como cidadãos.
Pensando nisto e em nossa história de luta e busca por afirmação e reconhecimento resolvi colocar estas linhas para reflexão.
A Umbanda é uma religião brasileira, aqui ela nasceu se desenvolveu e adquiriu maturidade.
Atualmente é praticada por brancos, negros e mestiços, representando a pluralidade racial de nosso povo.
Getulio Vargas estava certo, nos tornamos uma grande nação, mas nós umbandistas continuamos vítimas do preconceito, por quê?
Continuando com meus pensamentos tentando descobrir onde está causa disto tudo me deparo com uma idéia que martela sem cessar, me recuso a princípio a aceitar o que me vem na cabeça, mas sou obrigado a me render diante das evidencias, a realidade surge e tudo fica muito claro.
Descubro muito a contragosto que a causa do preconceito que fere nossa religião está em todos nós sacerdotes de Umbanda.
Estarrecido me dou conta de que nós com nossas ações dentro e fora dos nossos terreiros somos os responsáveis.
Ao não abrirmos nossos rituais e trabalhos a vista da população, nos fechando em mistérios em nossas práticas, não ministrando adequadamente a nossa doutrina de Amor ao Próximo, Fé e Caridade e, principalmente, não tendo cuidado e atenção na escolha e preparação de nossos sacerdotes, contribuímos para que nossa religião seja confundida com outras práticas que se apropriam do nome Umbanda.
A sociedade julga o que vê, cabe a nós esclarecê-la para que não se confunda e saiba realmente o que é a Umbanda.
Cabe a nós sacerdotes ministrar cultos sadios, voltados para o bem e os bons costumes, com práticas que elevem a espiritualidade daqueles que nos procuram, sanando suas dificuldades, auxiliando em seu desenvolvimento moral e espiritual.
Assim e acreditem só assim, com o passar do tempo, nossa religião receberá o respeito, o reconhecimento e a admiração de nossa sociedade.
André Luiz de Azevedo Moraes é Dirigente Espiritual do Terreiro Tio Antonio de Curitiba e Presidente do Conselho Deliberativo da FUEP
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