Iniciamos a presente discussão em função de uma necessidade de um Dirigente Espiritual de um Terreiro de Curitiba, com relação à realização de um casamento entre pessoas homossexuais.
Tem-se como uma verdade absoluta e insofismável que a homossexualidade vai contra todos os princípios de todas e quaisquer religiões. Mas, como a Umbanda não tem uma codificação ou uma bíblia, e ainda como preceitua a plena liberdade dos indivíduos, respeitadas as questões legais, morais e éticas, precisamos responder as perguntas:
O homossexualismo é condenado na Umbanda?
Podem (devem) ser realizados casamentos entre pessoas homossexuais na Umbanda?
Ao que parece, a grande questão que se tem de resolver é: por quanto tempo ainda a humanidade vai preservar conceitos da era medieval, representadas por preconceitos homofóbicos, racistas, religiosos e de gênero, enfim contra todos aqueles que são “diferentes”, numa sociedade que insiste em rotular as pessoas indevida e injustamente?
Numa sociedade que só reconhece a sua diversidade quando se trata de segmentar “consumidores”, em que a cidadania plena é deixada em segundo plano, será que não é o momento de avançar?
Seria maravilhosamente simples e fácil viver num mundo onde todos fossem iguais, se ajustando ao padrão pré-estabelecido ou não, onde haveria apenas pessoas “normais” e “anormais”.
Mas a vida não é assim, além do ser humano ter várias dimensões (sociais, legais, profissionais), a humanidade que é por eles formada apresenta vários matizes que nos diferenciam, mas não podem em momento algum ser caracterizados como aberrações.
O que é ser normal?
Será que é “normal” as pessoas terem que esconder a sua orientação sexual, tentar descaracterizar a sua etnia, intitulando-se “pardo” nas pesquisas do censo ou quem sabe ainda enfrentando o escárnio nas queixas de violência contra a mulher?
As reações das pessoas quando confrontadas com estas realidades são muitas vezes do tipo “caça à bruxa” (ou bruxo), são reações primárias e preconceituosas, que as pessoas têm porque acreditam que têm de obedecer um “padrão” e que aquilo que sai fora dos parâmetros deste, tem de ser ridicularizado, insultado ou rotulado de “indesejável”…neste caso, “gay”, dentre outros que são impublicáveis.
A guisa de esclarecimento, o vocábulo “gay” em inglês significa “alegre”, “feliz”.
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ResponderExcluirAo entrar no blog da FUEP essa semana, me deparei com a última postagem de nosso Presidente Paulo Vieira sobre a questão levantada acerca do tema Homossexualidade na Umbanda. Para mim, sinceramente, uma surpresa constatar que a questão gera polêmica dentro de uma religião que tem por lema ser aberta e aceitar seus fiéis da forma como são. Mas enfim, nem tudo é perfeito. Crendo ter cá minhas opiniões a respeito, vou responder ao artigo.
ResponderExcluirTenho 25 anos de idade, sou publicitária, flamenguista, gordinha, ruiva e homossexual. Não fui criada dentro da religião de Umbanda. Conheci a religião anos mais tarde, depois de crescida e absoluta senhora das minhas opiniões e convicções. Eu precisava de um horizonte espiritual, formar e estruturar melhor este pilar da minha vida. Nunca fui ligada em religião nenhuma justamente para não me confrontar com conceitos e normas retrógradas que mais cedo ou mais tarde entrariam em conflito com as coisas que sou e penso. Não só no aspecto sexual, em várias outras áreas da moral e dos bons costumes. Mas ser espiritualizado é tão importante quanto estudar, comer e respirar.
Um dia conheci o Terreiro Tio Antônio. E decidida a entrar, pedi a Seu Sete Pedreiras a devida permissão, argumentando com ele que buscava uma casa onde a vaidade e o retrocesso não imperassem como na maioria dos lugares em que passei pela porta. Então ele me disse “Filha, para Oxalá todos têm espaço, todos têm vez! De que serve a vida na terra se não para o aprendizado e para a evolução? Todos nós cometemos erros, mas estamos aqui para aprender com eles.” Minha decisão estava tomada e passei então a ser filha do Pai André de Xangô. Depois, no intervalo, fui me apresentar formalmente, me declarando admirada com a casa, curiosa com a religião e homossexual. Assim, simples e direta, de forma tranqüila e, sobretudo, natural.
Meses mais tarde, minha namorada também ingressou na corrente e a apresentei ao meu Pai de Santo como tal. A abertura e a receptividade não poderiam ter sido melhores. Estamos até hoje lá, amando aquela casa e aquele chão. Todas as pessoas da corrente sabem sobre nossa história, as entidades que a nós se dirigem nos tratam de forma absolutamente normal sem qualquer sinal de inconformidade ou preconceito. Frente aos olhos dos guias e dos orixás somos o que somos, e absolutamente respeitadas dentro da nossa configuração.
Há alguns meses, no terreiro mesmo, foi realizado um casamento. Unidos com a benção de Tio Antônio, o casal ouviu que nosso Preto-Velho não gostava de celebrar casamentos. Ele gostava de celebrar o amor! Todo filho que chegasse a ele pedindo sua benção para uni-lo com um companheiro (a) e ele constatasse a ali havia afeto, amor, coração, ele faria de muito bom grado.
O kardecismo entede a homossexulidade como desvio de reforma comportamental. Prega que um homossexual está se revoltando com seu karma, não aceitando sua missão ao reencarnar. Partem do pressuposto que o homossexual tem o espírito em conflito no que diz respeito a relações íntimas – que ao sentir atração por alguém do mesmo sexo tem na realidade seu espírito em polaridade contrária, mas que deveria lutar contra isso atendendo ao cumprimento de seu karma. Não é necessariamente preconceito, é doutrina. Mas grupos mais radicais vêem isso de forma mais agressiva, culpando a pessoa por não aceitar sua missão, portanto, não merecedora de qualquer assistência espiritual.
A Umbanda, por se declarar aberta a quem quiser dela fazer parte, respeitadora da diversidade dos indivíduos, é, juntamente com o Candomblé, duas das poucas religiões com adesões de homossexuais. Justamente porque nesses segmentos se sentem acolhidos, respeitados e com a certeza plantada em seus corações de que Jesus, Deus olha por eles também. Conheço vários ótimos médiuns homossexuais, com entidades fortíssimas, Pais e Mães de Santo experientes e responsáveis nas suas atribuições, Pais e Mães Pequenos (as), capitães de terreiro, que cumprem com competência e louvor as suas atribuições.
Sou Umbandista principalmente por poder ser exatamente quem eu sou e não sofrer com isso. Nossa religião não me pretere em função da configuração de minha vida e das escolhas que eu fiz. O que eu creio que a Umbanda pregue, na falta de um código ou uma bíblia, é justamente a palavra de Nosso Senhor Jesus Cristo – “amai-vos uns aos outros como eu voz amei”. Tenho ao amor de Jesus dentro do meu coração. Sigo seus ensinamentos, praticando o bem e a caridade toda semana na minha casa, não fazendo mal aos outros e nem interferindo na vida alheia com minhas escolhas. Se eu amo alguém com o amor de Cristo que habita em mim, por quê não seria merecedora da benção da minha Umbanda?
ResponderExcluirSuêzi Nogueira
Perfeita a posição da Umbanda e Espiritismo em defesa da ética do amor entre pessoas do mesmo sexo. Importante divulgar tais posicionamentos para todos os terreiros e centros do Brasil. "O amor que é essencial, o sexo é acidente, pode ser igual, pode ser diferente!" (Fernando Pessoa)
ResponderExcluirLuiz Mott,
Decano do Mov.Homossexual Brasileiro
luizmott@oi.com.br
Oi boa tarde! Só uma colocação, para não ficar nenhuma duvida: Quando Cristo fala de amar ao próximo como ati mesmo, não é amor carnal não! Em todo tempo, Ele fala de amor de Deus para com a humanidade e não o amor eros o amor carnal.
ResponderExcluirHá, tem outra coisa, fazer o bém não é dadiva de alguns todavia é de todos, não há nenhum mérito, é uma obrigação.
Olha cada um faz o que quer da sua vida, uma coisa tem que ficar clara, o evangelho é mudança de vida!Para quem quer mudar sua vida! O que mata, não mata mais, o que vivia numa vida de drogas, não vivi mais, o que fala mal do outro não fala mais e por ai a fora, agora eu também entendo que as pessoas fazem suas escolhas, sendo para elas no seu ponto de vista, boas ou ruins no corpo ou fora dele, tendo a certeza que sofreremos as consequencias no mal uso do corpo ou em tudo que fazemos fora dele.
ResponderExcluir“amai-vos uns aos outros como eu vos amei” foi uma frase usada para exemplificar a postura da Umbanda frente aos seus filhos, adeptos e simpatizantes. Não foi usada para justificar que a humanidade deve sair por aí amando todo mundo, homem e mulher e etc, deforma carnal. Estou sim falando do amor de Deus! Quis dizer com isso que a religião aceita e compreende a individualidade de cada um, como Cristo fez. A Umbanda ama seus filhos incondicionalmente, como Jesus Cristo também fez. Por essa simples razão, acho que a religião deve sim abrir suas portas para o Sacramento Homoafetivo.
ResponderExcluirPara ser Umbandista, você, mais do que praticar, precisa ter a caridade e os preceitos da religião dentro de si. Mais do que uma obrigação, praticar o bem é premissa básica dentro da Umbanda. Não sou a favor ou me julgo merecedora da união reconhecida entre iguais na Umbanda porque pratico o bem, mas porque pratico a filosifia Umbandista no meu dia-a-dia e tento propagar isso entre meus semelhantes. Portanto, se sou de fato uma pessoa de amor, fé e caridade, se aderi a filosofia da Umbanda em minha vida, se concordo com seus preceitos, dogmas e orientações, porque razão não teria minha união sacramentada no terreiro, se até isso segue a mesma lógica?
E se por alguma razão não está certo fazer isso, eu vou saber mais tarde e pagarei o que devo. Mas estamos procurando a razão da questão à luz da humanidade, esperando um amparo espiritual, mas ainda assim estamos falando entre os homens. Porque na minha opinião, em Aruanda está todo mundo dando risada...porque tenho certeza que eles não nos enxergam com toda essa distinção entre heteros e homos, brancos, negros, amarelos...flameguistas, vascaínos, são paulinos...