"A Terra tem o suficiente para a necessidade de todos, mas não para a ganância de uns poucos." (Mahatma Ghandi).
Se analisarmos as inúmeras espécies que habitam o nosso planeta, concluiremos que os seres humanos são a espécie biológica que melhor se adaptou.
Desde a origem evoluiu e ocupou todas as regiões do planeta, criou estruturas sociais complexas, descobriu novas tecnologias, e com a sua tendência expansionista, a cada dia aumenta a capacidade de exploração dos recursos naturais.
Entretanto, a trajetória evolutiva do ser humano sobre o Planeta Terra tem sido altamente predatória.
A utilização desenfreada dos recursos naturais do planeta tem sido maior do que a sua capacidade regenerativa. E em nome do progresso econômico, ecossistemas inteiros foram e continuam sendo destruídos, colocando em risco a sobrevivência de muitas espécies e do próprio homem.
Por conta disso a crise ambiental está aí, bem na nossa frente, fazendo com que temas como ecossistemas, aquecimento global, reciclagem, sustentabilidade, passem a fazer parte do nosso dia-a-dia.
Diferentemente do que acontecia há algumas décadas, quando as discussões sobre meio ambiente era restrita a alguns poucos cientistas, já preocupados com o rumo do nosso desenvolvimento e das organizações ecológicas, hoje permeiam todas as ações de desenvolvimento, embora sem a devida profundidade de análise, que seria necessária dada à gravidade do problema.
Só para lembrar, o maior poluidor atual é o EUA, que até agora não tornou-se signatário do protocolo de Kyoto pela diminuição da emissão de gases na atmosfera.
No Brasil, embora os progressos significativos na fiscalização e no processo de liberação de obras que possam causar danos significativos ao meio-ambiente, ainda existe uma séria rejeição do Governo Federal à causa ecológica, notadamente daquelas obras que fazer parte o arcabouço desenvolvimentista propostas pelo Governo Lula no PAC.
De qualquer forma, o aquecimento global está ai, os buracos da camada de ozônio são uma realidade e as mudanças climáticas observadas não deixam qualquer dúvida: A Terra está doente.
Assim, o que antes era assunto pontual de alguns segmentos da sociedade, hoje, pela urgência do tema, tornou-se uma discussão mais ampla e a sua importância extrapola a vontade e o desejo de alguns, é necessário transformar-se numa preocupação de todos e de cada um de nós
A Responsabilidade de cada um
“A crise ecológica – isto é, o principal problema de Gaia – não é a poluição, o lixo tóxico, a destruição da camada de ozônio ou qualquer coisa semelhante. O principal problema de Gaia é que não há um número bastante grande de seres humanos que tenha se desenvolvido até os níveis de consciência pós-convencional, mundicêntrico e global o que faria com que eles se voltassem naturalmente para a conservação deste planeta.” (Ken Wilber in Psicologia Integral).
Ao analisarmos a frase acima, não podemos deixar de considerar que é necessário fazer uma reavaliação urgente, no nosso atual padrão de consumo. A relação do ser humano com a Terra é baseada em estágios primitivos de atendimento de necessidades, por isso, talvez, a necessidade de sobrevivência das sociedades primitivas ainda esteja muito presente no nosso inconsciente coletivo.
Assim, crenças primitivas sobre competição e sobrevivência – mesmo maquiadas e vendidas como “modernas” pela literatura política e econômica – alimentam ciclos de opressão, miséria, guerras e depredação ambiental.
Na base da crise ecológica está uma crise de valores e de significados, a mudança do paradigma de uma visão individualista para uma visão sistêmica e coletiva, é a mudança de estágio de consciência, da qual depende a nossa sobrevivência como espécie.
Esse com certeza é o maior desafio da nossa geração, quebrar o paradigma de modelo egoísta e centralizado nas necessidades individuais do “EU” para um modelo coletivo, mais inclusivo, que aceite e respeite a diversidade, do “NÓS”.
Mas tem que ser um “NÓS” que realmente inclua “TODOS NÓS”, porque na verdade estamos todos no mesmo barco, e nenhum barco afunda pela metade.
TEM CURA
A terra está doente, mas pode ficar saudável
Mudanças climáticas põem em risco o futuro do planeta e, também, o dos nossos filhos e netos
Tarcísio Alves - Revista AnaMaria - 27/07/2007
Nosso planeta está doente. Mudanças no clima nos últimos 200 anos afetaram a saúde da Terra. Se os habitantes - o que inclui governos e empresas, além da sociedade - não agirem, seus filhos e netos terão o futuro comprometido.
O efeito das mudanças climáticas é o aquecimento global. Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) alerta que a temperatura média do planeta subirá 4 graus até o fim do século, se mantido o crescimento dos níveis de poluição da atmosfera (porção de ar que envolve a Terra).
Mas não é em todas as regiões que vai esquentar - o desequilíbrio causado pelo aquecimento global tornará alguns locais mais frios.
ENTRE O BEM E O MAL
Em torno da Terra sempre existiu uma camada de gases, chamada efeito estufa, que funciona como isolante térmico, mantendo a temperatura global. "O efeito estufa é benéfico, pois sem ele não haveria vida na Terra", diz Rachel Biderman, coordenadora dos Programas de Sustentabilidade Global e Consumo Sustentável do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Segundo ela, o problema é que a emissão de gases, como o dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), torna o efeito estufa maléfico - e provoca alterações no clima. O CO2 é produzido toda vez que há queima de fontes "sujas" de energia, como petróleo, carvão e gás natural. Fala-se que elas são sujas porque poluem a atmosfera.
CICLONE TROPICAL
É fácil ter uma idéia do que o aquecimento global acarreta: a humanidade vem enfrentando fenômenos climáticos mais freqüentes e violentos do que em outros tempos, como tempestades, furacões e ciclones. O Brasil viu o seu primeiro ciclone tropical em 2004. Com ventos de até 180 km/h e fortes chuvas, o Catarina destruiu 40 mil casas em cidades de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
TRÊS DANOS REAIS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
- Derretimento das geleiras eternas do topo de montes como Fuji, no Japão, e Kilimanjaro, na Tanzânia: os rios dos vales no entorno dos picos são alimentados pelo degelo da neve no verão. E seu volume está diminuindo, prejudicando a irrigação de culturas agrícolas e a produção industrial que depende da água.
- Derretimento das calotas polares no sul e no norte: pedaços de gelo de água doce alteram a salinidade do mar, causando mudanças no clima e na cadeia alimentar. O urso polar, por exemplo, já tem dificuldade para achar comida.
- Savanização da Amazônia: se a devastação continuar, por causa da pecuária, das fazendas de soja e da extração de madeira, e o clima esquentar, a floresta vai virar um cerrado (terreno plano, com trechos de seca). Com isso, várias espécies locais vão acabar. E, sem a força do "pulmão do planeta", a emissão de gases poluentes ganhará força, prejudicando a Terra.
EFEITO ESTUFA RUIM "SUFOCA" A TERRA
Normalmente, o calor do sol atravessa a camada de gases que formam o efeito estufa em torno da Terra e, após chegar à superfície terrestre, retorna ao espaço e se dispersa. Mas, como essa camada de gases está muito grossa, boa parte do calor não consegue atravessá-la na volta.
Assim, fica na atmosfera e causa mudanças no clima. "Aí, o efeito estufa funciona como a tampa de uma panela que não deixa o vapor sair", explica a especialista Rachel Biderman.
CONSUMO ESGOTA RECURSOS NATURAIS
Se a industrialização, por si própria, já provocou um estrago enorme ao planeta, outros fatores ajudaram a ampliar a degradação. O surgimento das fábricas, a partir da Revolução Industrial, no século 18, propiciou a produção em massa de alimentos, roupas e outros itens.
Trouxe conforto, é verdade, mas, ao mesmo tempo, gerou um ciclo de produção e consumo irresponsável. O aumento das populações nas cidades levou a uma maior produção de itens para alimentá-las. Essa produção, por sua vez, exigiu grandes quantidades de fontes de energia "sujas", conforme já foi dito. Isso sem falar no próprio lixo que resulta de todo esse processo e, não raro, é despejado de forma imprópria na natureza.
Em resumo, os recursos naturais foram sendo minados, em vez de repostos, criando um ciclo de insustentabilidade - ou seja, que não se sustenta - e precisa ser revisto.
A boa notícia é que dá para salvar a Terra de um desastre maior. Nós, habitantes da Terra, temos obrigação de criar alternativas sustentáveis para o sistema capitalista industrial. Isso significa colocar a qualidade de vida (do planeta e das pessoas) em primeiro lugar. Não significa, por outro lado, reduzir o nível de investimento das empresas ou ter uma vida menos confortável.
Trata-se de valorizar os recursos naturais, que continuam sendo desperdiçados.
É preciso rever padrões de produção e consumo, sem comprometer o ritmo de crescimento das nações. Um ponto essencial é substituir energias não renováveis pelas renováveis, como a eólica (produzida pelo vento) e a solar.
Esse trabalho precisa começar hoje. Portanto, sem essa de pensar: "Já que a Terra está doente, vamos aproveitar o que resta dela". Como diria Al Gore, candidato derrotado à Presidência dos EUA e celebridade da causa ambientalista, "cada um de nós é uma causa de aquecimento global, mas cada um pode se tornar também parte da solução".
COMO CADA UM PODE SALVAR O PLANETA
- Governos precisam investir em pesquisas para que os cientistas criem tecnologias que combatam as mudanças no clima.
- Instituições financeiras devem emprestar dinheiro a custo baixo para as firmas comprarem máquinas que produzam de forma "limpa".
- Empresas têm que rever modelos de produção e dar o exemplo com ações de responsabilidade ecológica e social.
- Consumidores devem exigir que supermercados, feiras e outros comércios tenham cada vez mais produtos feitos com respeito ao meio ambiente.
- Escolas devem ensinar os jovens sobre isso, pois eles são os adultos de amanhã.
PARA SABER MAIS
"Uma Verdade Inconveniente" (Ed. Manole): livro do candidato derrotado à Presidência dos EUA, Al Gore, que alerta sobre os perigos do aquecimento global. O livro virou um documentário, que ganhou o Oscar 2007. Disponível em DVD para compra e locação (verifique o preço na locadora da sua preferência).
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